quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Cici, Márcia e Rita na abertura do Seminário

Ebomi Cici, Márcia Sant´Anna e Rita Santos

Informação e emoção marcaram a primeira noite do Seminário Respeito aos Mais Velhos, na noite de terça-feira no Teatro Vila Velha. A Diretora do Departamento do Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Márcia Sant´Anna, fez uma importante retrospectiva do conceito de patrimônio cultural imaterial no Brasil, explicando o papel do Estado e da sociedade na preservação do patrimônio existente. "Patrimônio imaterial é todo aquele cujo suporte é o ser humano, seja expresso no conhecimento, no corpo, no gesto, na fala... E como preservamos isso? Transmitindo, basicamente, esse saber para as novas gerações, dando condições materiais, ambientais e sociais para que esse patrimônio seja respeitado e admirado por comunidades para além daquelas que o praticam", explicou.

Em seguida, Rita Santos, presidente da Associação das Baianas de Acarajé, Receptivo, Mingau e Similares (ABAM), ressaltou como foi importante a luta pelo reconhecimento, em 2005, da baiana como patrimônio cultural imaterial brasileiro. "Nós fazemos um trabalho de conscientização do que é ser patrimônio com as baianas. Fomos as primeiras mulheres a ser consideradas patrimônio brasileiro. Salvador tem que se orgulhar disso porque tudo começou aqui", disse. Rita também questionou, na ocasião, o poder público por não fiscalizar pessoas que vendem acarajé descaracterizadas, uma vez que o município conta com normas específicas para se exercer o ofício.

Como contadora de estória da noite, a Ebomi Cici, do terreiro Ilê Axé Opô Aganju, emocionou a todos com o seu saber. Cici foi assistente de Pierre Verger, catalogando mais de 11 mil fotografias do etnólogo, e atualmente trabalha na Fundação Verger e conta estórias para crianças em escolas. "Eu conto minhas estórias, minha vida para as crianças. Se falam da Branca de Neve, da Bela Adormecida, eu falo das estórias do rei Ogum, da rainha Oxum, do caçador Oxóssi", contou. E foi a estória de Oxum a escolhida da noite. A Ebomi, que do iorubá Egbonmi significa irmão mais velho, mais maduro, mais experiente, revelou com maestria a doçura e a força da orixá das águas doces.

A primeira noite do seminário foi finalizada com um debate com os participantes. A participação da plateia foi intensa, aproveitando ao máximo o conhecimento dos convidados.

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