segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Bença!


Fernanda Júlia

Ao entrar no teatro o encontro com Oxalá é inevitavel, Yemanjá passeia fagueira junto a ele e Nanã olha longa e profundamente nos meus olhos.
Como me tocou este espetáculo!
Como é maravilhoso ver a tecnologia e a arte trabalharem juntas em prool do candomblé, da arte negra, do antigo, do ancestre da divulgação e propagação da cultura negra.
A bênça tem sabor, e o seu sabor é o de ebô, coco e mel, uma comida de Oxalá.
Iawôs bailando em figurinos lindos e diáfanos, e transmitindo o seu axé de noviça, pedindo a bênça aos mais velhos.
O corpo, a dança sagrada que fala melhor que qualquer texto, vigorosa e lenta, a dança deste espetáculo tem a maturidade de quem possui muitos, muitos anos de santo e como diz no candomblé: Zebrinha é de a bença!!! kkkkkk
Chorei. Lembrei de mim, do Oyá L´Adê Inan minha casa de axé, da minha vó de Ogum, da minha mãe de Oyá, dos meus mais antigos.
Pra mim foi como estar nas águas de Oxalá onde o branco funfun impera clareando a vista, a vida, o caminho.
A música hipnótica, sagrada que faz silêncio sem parar de tocar e que traz o Orixá,  trouxe Omolú pra pertinho de mim.
O bando faz 20 anos e se fez iawô pra ver o tempo passar e isso é lindo!
Nunca vi o bando assim... silencioso. Que tempo maravilhoso!
A linha do tempo no programa é mais que um registro é material, é um chamado pesquisadores nós existimos, nós fazemos história!
Que agora a pretitude acadêmica se pesquise, fale sobre si e não das novidades colonizadoras que rendem livros, dissertações e teses.
O Bando é necessário nesta cidade e eu espero que vocês nunca esqueçam disso.
Parabenizo a todos que fazem este grupo, e a todos que colaboraram com este espetáculo.
Que Oxalá e Tempo nunca falte e que na dianteira Ogum esteja abrindo todos os caminhos.
Adupé!
Axé!

 

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