segunda-feira, 17 de maio de 2010

Fala, Elane!!!!!

Veja o depoimento da atriz Elane Nascimento sobre o processo criativo do Bando em seu mais novo espetáculo, previsto para estrear no segundo semestre. Os ensaios acontecem diariamente no Teatro Vila Velha.

Como é esse processo criativo para você?
Esse processo para mim é bem difícil, por vários motivos: eu não sou rápida em improvisação, o meu trabalho é mais interno. Primeiro, eu construo a historinha do personagem, tento imaginar qual o sentimento que caracteriza mais ele. Márcio [Meirelles], nesse processo, não está trabalhando com construção de personagem. Ele está trabalhando com histórias, com sentimentos soltos, e cada dia ele quer um diferente. Então, não adianta você se prender em um só. E é um processo de pesquisa. Ele quer falar de coisas bem complexas como o tempo, a morte. E, nesse processo, cada dia que você chega, a pergunta que fica é: como é que vai ser?

Você estava acostumada com outro processo e agora está sendo estimulada a desconstruí-lo. Como está sendo isso?
Exatamente. A gente trabalhava com improvisação e construção de personagens. Márcio trazia técnicas para você tentar construir, encontrar que personagem é esse, que história é essa, o que você quer dizer. E nesse não tem isso.Você é estimulado a entender como falar da morte, como é estar velho e perto de morrer, que sentimento é esse, por aí.

Como atriz, como você lida com o aprendizado da dança, do toque...
Eu vou te dizer: para mim é o que eu mais amo. Essa parte de teatro me deixa mais tensa. Zebrinha, apesar de uma pessoa que causa uma tensão pela história que tem, como eu adoro dançar e mexer com o corpo, as aulas de dança e de música (que é uma coisa que eu gosto) estão sendo super tranqüilas. Zebrinha, por exemplo, nos dá aulas há um tempão, só que nunca fez dessa forma de falar que passo é esse, que movimento é aquele. Agora ele já diz que é de Xangô, é de Nanã e conta toda a história e as características de cada orixá. Nós estamos assimilando essas coisas. Nas músicas, as pessoas já conseguem acompanhar ele. Antes, cantava sozinho. É um aprendizado bem bacana. E ainda tem a volta do Márcio.

E como é essa sensação de estrear um novo espetáculo?
No primeiro diz de ensaio, quando Márcio chegou, a gente estava construindo os personagens como a gente normalmente faz. Mas como tudo novo, dá um branco, um desespero (risos). Eu sou super-tensa, fico chorando no pé de Val, de Leno, “meu Deus, e agora?”, e eles respondem que também estão assim (risos). Cada um tem um tempo no Bando, tem uns que tem 8, 15, 20 anos. Mas nesse processo se iguala tudo, a dificuldade é a mesma, a busca é a mesma. Acho que vai ser lindo por isso. Todo mundo vai descobrindo junto. E até Márcio mesmo, que está voltando depois de quatro anos distante.

Foto: Cláudio Guimarães

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