Expectadora homenageia o Bando com poema escrito à uma pessoa especial. Confira abaixo.
Saí ontem do espetáculo mais que emocionada, muito mexida. Se eu estivesse na 'Roça', certamente, alguém diria: " o Santo vai pegar esta menina..."
Voltei pra casa e fui deixando pedaços de mim seguirem com as lembranças de meus avós, dos meus mais Velhos, dos Velhos que forjaram a Velha menina que sou hj...
Futuquei meus arquivos e achei este poema que fiz pra Voinho quando ele se foi... Até hoje dói! Um homem de Ogum, nascido em Cachoeira (1913) e criado no Maciel de Baixo, Pelourinho. resolví dividir com vcs em forma de agradecimento pelo belissímo trabalho realizado: "BENÇA".
E, o meu desejo mais sincero que todos os nossos "Velhos" ancestrais, possam derramar sobre TODAS as pessoas que se debruçaram sobre a árdua tarefa de falar do mel e do féu da velhice com tanta dignidade e respeito, um pouco da muita sabedoria que carregam.
VOINHO
Tapioca torradinha, lelê, aquele café bem quente e a chuva
acalentando o sono
as piculas nas escadarias do paço
o candomblé bem tocado e missa no rosário
os filhos de gandhi descendo pra santa luzia
(a doce bravura do povo de ogum)
o jogo do bicho de todo dia - vai dar cobra na cabeça!
(o mangue todo!)
as cotidianas reclamações sobre as coisas que ainda não havia aprendido
- e sobre aquelas que não deveria ter aprendido
as primeiras provas de amor que tive na vida
vovó bia, cachoeira, a baixa dos sapateiros, a feira de água de meninos...
e mais tudo de mim que morreu um pouco quando o senhor partiu
Texto: Urânia Munzanzu
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