A temática abordada por Uzel em 'Guerreiras do Cabaré' evidencia uma reflexão sintonizada com a atualidade de um mundo no qual crimes de racismo ainda são praticados cotidianamente e onde os aspectos de gênero da discriminação racial e os aspectos raciais da discriminação de gênero não foram totalmente apreendidos nos discursos pelos direitos humanos.
O principal estímulo para a publicação foi a fartura de possibilidades de reflexão apresentadas pelas personagens femininas do espetáculo, dirigido por Marcio Meirelles. A peça é impregnada de temas vinculados à questão racial, como identidade, relações inter-raciais, miscigenação, branqueamento, sexualidade e religião.
Maioria no conjunto de papéis desta encenação, mulheres negras de perfis variados defendem seus pontos de vista e confrontam idéias a cada tema abordado. Elas têm diferentes faixas etárias, níveis de formação, profissões, posições no mercado de trabalho, posturas políticas e formas de exercer sua religiosidade.
São personagens que possuem uma vida produtiva, trabalham ou estudam e não dependem dos homens. Todas são afetadas pelo racismo, mas elas demonstram como é particular a maneira de cada uma se situar diante das formas de discriminação. Em cena, distribuem-se pelos caminhos da negação, da omissão, do reconhecimento ou do enfrentamento da discriminação racial.
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