quinta-feira, 5 de maio de 2011

trilogiaRemix.DOC_aquartapeça

foto: Tiago Lima
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Há 20 anos, em janeiro de 1991, estreava Essa é nossa praia, espetáculo que deu início à TRILOGIA DO PELÔ – composta também por Ó paí, ó! (1992) e Bai bai Pelô (1994). Em cena um grupo de atores negros, o BANDO DE TEATRO OLODUM, inaugurava um novo discurso cênico sobre a comunidade do Maciel, bairro do Centro Histórico de Salvador.

Com essas peças, a Bahia produzia um documento histórico dramatúrgico sobre uma comunidade de maioria negra que sofria um violento processo cultural, com a reforma que o Governo do Estado impunha àquele território urbano. Reforma de prédios que não incluía seus habitantes. Isto se deu entre a primeira e a segunda peças. A expulsão dos moradores e início das obras, entre a segunda e a terceira.

Muitas coisas aconteceram daquela estréia até agora. O Bando cresceu, se desligou do Olodum, fixou residência no histórico Teatro Vila Velha, gerou Lázaros Ramos, ganhou visibilidade, Ó paí, ó! virou filme e série televisiva de mesmo nome.

O Pelourinho não é mais aquele, como diz a canção. A reforma, fadada ao insucesso por não incluir a comunidade, alterou a vida de seus moradores que saíram, resistiram ou negociaram e se estabeleceram. Construíram alternativas de sobrevivência e de permanência. Comerciantes ocuparam e ocupam de diversas maneiras os prédios, antes moradia de muitos. ONGs se constituíram e atuam na área. Vários programas e planos de revitalização governamentais ou acadêmicos foram construídos. O Município, se manteve omisso a produzir factoides que mais confundem do que resolvem.

O Bando então resolveu criar o quarto espetáculo e transformar a TRI em TETRALOGIA DO PELÔ, remixando textos, personagens, tempos, linguagens, repensando a história do grupo, das peças e da comunidade do Maciel/Pelourinho. Moradores, outros artistas, novos parceiros têm trabalhado de forma convergente nessa nova reflexão cênica que tem estreia prevista para o segundo semestre de 2011.

O processo já começou. Esta exposição é uma leitura sobre seu início: fotos de Tiago Lima, vídeo de Rafael Sacramento com expografia de Mayra Lins, João Milet Meirelles e Tiago Lima e realização da Baluart Produtora.

Por enquanto, estamos fazendo tudo isso com nossos próprios recursos, apoiados pela necessidade de modificar o mundo.

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